A desumanização, de Valter Hugo Mãe.


    O primeiro livro que eu li de Valter Hugo Mãe teve o mesmo efeito de quando eu fechei a contracapa do primeiro livro do Knausgård; eu fiquei meio catatônico, não feliz, mas sim ansioso por ter conhecido mais um autor incrível, do qual eu já queria conhecer todas as obras. Talvez o Karl Ove, mesmo sendo norueguês, e o Valter Hugo Mãe, português, tenham em suas obras mais pontos em comum do que eu primeiramente imaginei. A desumanização, talvez o livro menos conhecido do autor, usa os lúgubres e belos fiordes islandeses para contar a sua história; uma história que, ao seu modo e com sua linguagem, retrata a infância, a transição da inocência para a alma corrompida do adulto, e por mais inusitado que pareça, sobre o amor. 

    É difícil imaginar uma história que começa com a morte de uma criança ser algo que mostre um dos sentimentos mais antagônicos à ela. A narrativa em primeiro pessoa nos dá a visão de mundo de uma menina de doze anos que passa pelo trauma de perder sua irmã gêmea; apenas na metade do livro descobrimos o seu nome: Halla. Durante boa parte da narrativa, Halla é apenas descrita como a filha menos morta, e Sigridur, a filha que apenas conhecemos por relatos de personagens, é chamada de a filha mais morta. Talvez um dos pontos mais fortes dessa história seja a ambientação; muitos sentimentos são explicados pelos próprios personagens através de monumentais e solitárias paisagens. Também posso dizer que a ambientação foi um dos fortes motivos que me fez começar a ler esse livro; eu tenho grande curiosidade com esses países do norte da Europa. A mesma curiosidade que me fez amar ler sobre bebedeiras e amores em uma cidadezinha da Noruega, com os livros do Knausgård, me despertou o interesse na solidão da Islândia com o Valter Hugo Mãe. Eu ainda tenho o sonho de conhecer a Islândia, e quem sabe conseguir entender tudo o que aconteceu nesse livro de uma forma mais completa ainda. 


    Além de ter que viver com a morte da irmã, e com tudo que ela deixou para trás, Halla ainda precisa viver com uma mãe que não aceitou a Islândia ter tomado uma de suas filhas. A mãe, personagem que não recebe um nome em toda a história, chega a cortar a pele da filha durante o sono. Todos os atos da mulher me levaram a crer que a Sigridur era uma espécia de filha preferida, e que o fato de Halla ter sobrevivido era um "erro", um "engano". Quando digo que a Islândia tomou a vida de uma pessoa apenas estou parafraseando os discursos de muitos personagens ao longo da narrativa. A Islândia, principalmente a pequena vila nesse específico fiorde, toma o papel não apenas de local, mas sim de personagem. Alguns colocam a culpa das decisões que tomaram no local em que vivem; e constantemente vemos Halla remoer um sentimento de angústia com o local, gerindo uma vontade de fugir para qualquer lugar. É difícil dizer a época em que a história se passa, mas eu acredito que seja no mesmo período em que o livro foi escrito (2013). Eu considerei a falta de tecnologia e de elementos da modernidade como uma das condições de morar em um local tão isolado. O antigo sonho da Halla e da Sigridur de ir morar na América foi o que me deixou mais inclinado a acreditar que a narrativa está em um ponto temporal próximo do que vivemos. 

    Acho que não cabe a mim mais falar sobre o desenvolvimento da trama, porque quero muito que vocês se surpreendam e se sintam nocauteados por alguns acontecimentos. A escrita do Valter Hugo Mãe é foda, sem mais palavras; o cara é muito poético, parece que cada frase esconde um significado muito maior do que é possível trazer. Muitas vezes durante a leitura eu simplesmente parava e ficar admirando algo que ele escreveu, repetindo aquilo na minha cabeça até achar que havia compreendido tudo. Com certeza uma das melhores leituras que eu fiz, e que fez eu afirmar o meu fascínio pelos contemporâneos. Já querendo ler tudo dele, e quem sabe conhecê-lo em alguma feira aqui no Brasil. Knausgård e Valter Hugo Mãe fizeram do meu 2018 um ano mais cheio, cheio de poesia, vivência, amadurecimento, e sim, tristeza. 

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Fundo como a intensidade - um poema (por mim)


Clove não é a mesma coisa que uma conversa encoberta pelo manto entorpe.
Mas talvez chegue perto, tudo depende da roda, da vivência.

Apagar o acesso na parede da casa de gente rica, gente que dorme sem se preocupar com o teto.
Essa preocupação nem passa na cabeça dos que tem ouro na cadeira da sala.

Talvez eu saí só pra sentir o poder do vento, pra buscar o sentimento de uma falsa liberdade.
Ninguém é livre no mundo em que a gente vive, não como a gente pensa.

Engraçado o vinho barato ser a coisa mais doce daquele lugar.

Por que eu decido ainda fazer isso?
Prefiro escutar minhas músicas com os que brilham.
Esses são poucos, a luz é mais difícil de achar com o passar dos dias.
Às vezes eu ainda me encontro com ela.
Algumas não se apagam, brilham até mais.

Clove não é a mesma coisa que uma conversa que entra fundo.





O outono é mais bonito lá em cima. (por mim)


    O moço disse que depois da construção do restaurante tudo ia ficar melhor para nossa família, até o Floco ia ter uma ração melhor para comer. Eu gostava muito do Floco porque ele era o único gato que a mãe me deixou ficar. Ela dizia que incomodava o nariz, provocava rinite, mas eu sabia que a verdade era que faltava dinheiro para comprar comida para todos. Uns foram para amigos, outros para os vizinhos, e o Floco ficou. Eu não entendia muito o que o moço falava, ele usava palavras que eu não aprendia na escola, e a matemática dele era muito mais complexa da que eu usava para conferir o troco na feira. Eu olhava para os dentes dele, amarelos. Ele tinha uma boca que parecia não suportar a quantidade de dentes que tinha lá dentro, uns tentando tomar o lugar dos outros, sujos. Eu olhei para os dentes do meu pai apenas para confirmar o que eu já sabia: ele tinha dentes melhores e mais limpos, honestos. Mas ele tinha as mãos sujas, terra embaixo das unhas e calos no encontro dos ossos. Como alguém com tanto dinheiro tinha a boca tão suja?

    O outono era muito bonito onde eu morava, eu saía com meu moletom de frio, rosa, para fora da casa e ficava admirando as folhas vermelhas e marrons que caíam, até mesmo no pote de água do Floco. Quando o restaurante ficou pronto, lá em cima do morro, eu vi que na verdade o outono era feio aqui embaixo. Lá em cima sim que era bonito, as árvores eram cuidadas, o caminho era cuidadosamente feito para encantar os olhos dos que vinham de fora, dos que falavam engraçado, diferente do jeito que todo mundo falava na escola. Pedi pro meu pai o que era comida orgânica; eu tinha escutado uma mulher falando sobre isso saindo do restaurante no domingo. Eu não era de bisbilhotar ou ficar escutando os que falavam engraçado, mas os carros sempre passavam pela minha casa quando entravam e saíam lá de cima do morro. Eu sabia o que era feijão, porque a minha mãe plantava quando dava. Alface eu também conhecia, o vizinho vendia para nós antes de ir vender na feira. Macarrão eu adorava, mas fazia tempo que eu não comia. Carne fazia mais tempo ainda. Eu também conhecia o pão que a minha mãe fazia quase todas as manhãs, quentinho no inverno. O mel que o meu tio produzia eu também conhecia; eu adorava colocar em cima do pão quentinho e ver como ele entrava nos furinhos da fatia. Comida orgânica eu não conseguia entender o que era, mesmo quando meu pai explicou, para mim era a mesma coisa que eu comia; não vi diferença alguma. 

    Eu lembro da época em que não tinha restaurante nenhum lá em cima, quando os únicos moradores eram as ovelhas do meu pai. Eu amava abraçar elas antes do inverno, quando ainda estavam gordas de pelo. Desde que o moço com a boca suja veio lá em casa, nunca mais vi as ovelhas. Desapareceram quase mais rápido que os irmãos do Floco. Antes eu podia correr e brincar por aquelas terras, correr atrás das ovelhas e ficar brincando com o filho do vizinho; mesmo com a minha mãe dizendo que menina jovem assim não devia ficar sozinha com menino; eu ficava pensando se o pai dele falava a mesma coisa sobre mim. Eu nem gostava tando dele, chamava para brincar pela companhia. Depois que o restaurante chegou, meu pai disse que eu não podia subir mais lá. A terra não é mais nossa. Agora eu não brincava mais, ficava apenas olhando para os carros que chegavam; eles eram muito grandes, com certeza maiores que as ovelhas. Às vezes chegavam algumas crianças que tinham a minha idade. Uma vez eu pedi à minha mãe se eu não podia ir brincar junto com elas. Minha mãe me bateu e disse que era para eu parar de pensar em bobagem. Depois pensando melhor eu acho que ela estava certa, aquelas crianças não tinham interesse em brincar comigo. Mexiam nos celulares, e eu ficava pensando o que elas faziam tanto naquele aparelho. Eu pensei em pedir pro meu pai um celular de aniversário; mas depois eu lembrei que o Floco quase não tinha mais ração. 


by: theroseminusblack

Já não aceito mais a luz do sol. (por mim)

 

    Nem mesmo o ar entrando pelas minhas narinas tinha a mesma sensação naquela manhã. Ele não era mais ungido por aquele perfume doce, sustentava apenas meu corpo, e não mais minha alma. Sentia estranho meu contato com os lençóis, incomodava-me. A luz que entrava pela janela já não era mais aceita, era como uma batida na porta que me tirava de um transe. Eu queria escapar da vida, mas o sol não deixava, o sol e o despertador do celular. Fazia uma semana que as coisas não eram mais iguais; até o horário do despertador tinha mudado, a tela do celular mostrava uma imagem genérica dos fiordes da Islândia. Eu não sabia de quem era a foto, não fazia ideia de onde ficava aquele lugar, eu só queria mesmo era poder voltar com a minha imagem antiga; voltar não apenas na tela iluminada do celular, mas na companhia de corpo e calor.

    O tênis me servia estranho, as calças me incomodavam quando eu sentei na janela para apreciar, digo, fitar a cidade que levantava junto com a neblina. Eu me sentia mais frio que o vidro marcado pelo gelo. Eu precisava arrumar a porta da geladeira. O leite estava cheirando, o pão já mofado, as frutas pretas e podres. Engraçado como aquela cozinha parecia ser muito grande alguns dias atrás, como eu pensava em preparar pratos elaborados, juntamente com os planos que nós fazíamos. Antes eu pensava em queijo, vinho e chocolate, no cheiro do café que apenas perdia para o perfume doce. Eu queria saber se alguma loja vendia aquele perfume; será que ele mesmo existiu, ou era apenas mais um dos delírios da minha mente que era mais feliz do que suportava ser. O cheiro do café ainda era bom, mas isso era claro, eu ainda vivia, pelo menos por fora eu ainda estava inteiro, a carne sentia. 

    Como era frio o banheiro no inverno. Eu procurava o tapete para conseguir manter meus pés longe do contato com o frio do piso branco; pelo menos o restante do apartamento tinha chão de madeira. Não tinha mais pasta de dente, só uns tubos com rótulos estranhos que eu nunca entendia por que estavam lá. A água era fria, mas isso também era óbvio, como eu não havia notado isso antes, era eu tão ignorante ao que acontecia ao meu redor antes de tudo isso? Ou será que antes não fazia diferença nenhuma para mim? Achei grotesco o reflexo que me encarava no espelho, mas não era o mesmo que eu achava bonito antes? Não era o mesmo que me dava orgulho? Não era aquele que tinha um sorriso bobo e não sabia? O cabelo, patético. O nariz, com cravos. As bochechas, mais salientes. Os lábios, estranhos. A testa, pálida. 

    Eu sempre quis morar aqui, tocar violão no jardin des tuileries, fumar um cigarro e beber uma taça de pinot noir, aprender uma língua nova e ler alguns bons livros. Eu sabia o que eu precisava fazer: lembrar do meu primeiro ano aqui, dos sonhos que eu tinha, das fotografia que eu queria fazer, das pessoas que eu queria conhecer, dos beijos que eu queria roubar, era só fazer isso e ponto. Não precisava ser assim, nem sempre foi. O que cabia dentro de mim já foi, na verdade é, o suficiente para minha alma se manter. O jeito é começar a fazer tudo de novo, mas dessa vez diferente. Talvez eu pudesse mudar as músicas e ler outros autores. Eu sempre podia conhecer outros lugares daquela cidade, pessoas com diferentes visões. Eu queria mesmo era encontrar alguém pra conversar sobre Valter Hugo Mãe, acho que eu não poderia ter escolhido época melhor da minha vida para lê-lo. Quando me diziam sobre o inverno eu não acreditava que seria tão ruim, o início não tinha sido, talvez agora eu notasse por causa da solidão. Agora vou parar de pensar nisso, vou mesmo é pegar alguns trocados que consegui com a minha música e comprar um café. Tudo vai ficar bem. Acho que já tava enjoado daquele perfume doce. 




by Henrik Purienne

Sobre o primeiro semestre na universidade | Letras-Inglês


    Não parece verdade, mas o semestre logo está acabando e eu já posso dizer que fiz um semestre de faculdade - eu mesmo que no terceiro ano ficava pensando em uma miscelânea de coisas durante a grande maioria das aulas do terceiro ano. A faculdade, pelo menos no início, mostrou ser como tudo na vida - o quanto você vai aproveitar depende muito mais da sua vontade/visão do que de qualquer outro fator externo. A faculdade é superestimada? Na maioria dos casos, sim. Eu tenho vários colegas e amigos que simplesmente estão estudando no ensino superior por vontade dos pais, ou por presão de fazer alguma coisa logo que saíram da escola (tenho até amigos que estão fazendo TCC e dizem que não queriam estar se formando naquilo). Eu não estou aqui para dizer que a faculdade é uma perda de tempo e que não vai tornar você uma pessoa melhor/bem sucedida - porque isso não é totalmente verdade. O que eu defendo é a liberdade de você começar algo quando realmente sente vontade de fazer aquilo - ou no caso quando você tiver a possibilidade de começar. Ao contrário, você pisca os olhos, e quando vê já está na metade de um curso e nem sabe o que vai fazer quando sair de lá. Outra coisa é a maturidade, ou falta dela, que alguns apresentam quando entram no curso superior logo depois de finalizar a escola. 


    No meu caso, posso listar alguns motivos para esse semestre ter sido bem "proveitoso". Acho que o contato que você cria com alguns profissionais, professores e colegas é muito engrandecedor; conversar com pessoas que possuem visões de mundo diferentes da sua sempre é um caminho para o desenvolvimento de ideias. Começar a participar do programa voluntário que ensina a língua portuguesa para os imigrantes aqui da minha região, sem sombra de dúvida, foi a melhor escolha acadêmica que eu fiz. Consegui conversar com pessoas que passaram por situações difíceis, ensinei Português e aprendi Francês, vi como a língua é encarada de forma diferente por pessoas diferentes, fiquei feliz quando alguém conjugava um verbo corretamente (sério, o Português é uma língua desgraçada). A melhor cadeira que eu ainda estou cursando é Estudo da Linguagem I; acho que meu gosto pela literatura não é nenhum segredo, mas as cadeiras que tratam sobre linguística e línguas são muito melhores que aquelas que tratam sobre literatura (teoria ou debate). Acho que "forçar" a leitura não é legal nem na escola, nem na faculdade; prefiro conhecer certo autor/livro quando sinto vontade - e vai por mim, a maioria das pessoas na faculdade não gostam de ler, mesmo no curso de Letras

    See you mates. 

Ficar um dia sem gastar nada em New York City - aka - saindo da zona de conforto.


     Já estou adorando montar meu roteiro low budget por aqui; hoje pensei em escrever sobre uma ideia que tive não faz muito tempo - na verdade tive a ideia há pouquinho enquanto assistia a esse vídeo aqui: LIVING for FREE in NYC for 24 hours.  Estou seriamente pensando em ir em dois lugares que esse carinha foi. Então já vou deixando claro que todo esse roteiro que eu vou tentar reproduzir em algum dia da viagem não foi criado por mim (créditos pro canal LivingBobby). O vídeo é de 2018, o que me faz acreditar que a maioria dos lugares em que ele foi ainda estão funcionando. 

1. Espresso de graça - dose de cafeína de cortesia em SoHo. 
(92 Prince Street, SoHo)

    O dia dele começou em uma loja da Nespresso (aquela marca das cápsulas de café fancy - e que se fosse para eu comprar não seria nada barato, disso eu tenho certeza); essa loja específica fica no SoHo (sul de Manhattan). No vídeo o pessoal foi bem simpático, mesmo ele tendo apenas pedido uma amostra, não comprado nada e ainda colocado a câmera na cara do atendente ha ha ha. Com certeza vou pedir um espresso lá, e ainda vou tirar foto pra provar que realmente pedi (agora estou aqui pensando, quantas pessoas devem ter assistido ao vídeo e pensado a mesma coisa que eu? Acho que eles devem dar muitos shots de café por lá). Fui ler alguns comentários de outras pessoas em alguns sites de críticas de restaurantes/cafés, e descobri que além de disponibilizarem amostras, eles ainda dão informações sobre o sabor e origens do café que você está consumindo (cool at least, realmente quero muito ir lá). O cara do vídeo chamou o barista de bartender, acho que todos nós amantes de café sentimos uma lágrima escorrendo (it's a barista buddy!) - just kidding.

fonte: eightpointnine

2. Wifi e momento pra carregar o celular no loft da Amazon.
(350 W Broadway) 

    Simplesmente um loft que a Amazon disponibiliza para as pessoas se encontrarem e trabalharem, simplesmente de graça, com internet de 100M e ainda café de graça. O que eu mais gostei foi a resposta que o cara do vídeo recebeu quando perguntou o porquê da Amazon fazer aquilo: "Never question Amazon". Pode ser um lugar interessante para eu carregar meu celular, checar alguma coisa no maps, resolver algum eventual problema com o CouchSurfing, etc. 

3. Pôr do sol no rio Hudson
(Pier 45, Greenwich village)

    Durante o verão, nas sextas-feiras, o Hudson River Park organiza um evento com música de artistas locais pro pessoal apreciar a vista do pôr do sol na margem do rio Hudson. Não precisa pagar nada, e pelo que eu vi o pessoal costuma tomar um banho de sol no gramado um pouco antes. Pelo que eu pesquisei também tem um café no pier 45, água (aparentemente for free) e é perto de uma saída do metrô. 

fonte: Sofia


    Mais um post com alguns lugares que quero ir/coisas que quero fazer. So excited. Vou continuar usando o blog aqui como um roteiro digital ha ha ha. See you mates. 

"Deux jours, une nuit" - "Dois dias, uma noite" (2014) - um filme com personagens socialmente representados.



    O título do longa dos diretores Jean-Pierre Dardenne ("The son", "Le silence de Lorna") e Luc Dardenne ("Le promesse", "The son") diz muito sobre o desenvolvimento de sua trama; um filme que retrata a busca de uma trabalhadora pela dignidade de poder continuar com seu emprego, durante um final de semana, por isso "Deux jours, une nuit" ("Dois dias, uma noite" - o tempo que resta para ela tentar manter seu cargo na fábrica em que trabalha). 

    Jean-Marc, uma espécie de coordenador do setor em que Sandra trabalhava, estabelece para o restante dos trabalhadores que eles poderiam optar entre receber um bônus de mil euros, ou manter Sandra no seu emprego. Logo nos primeiros momentos do filme já somos confrontados com um impasse social e ético muito grande; de quem realmente é a culpa por essa situação? De Sandra que estava passando por um período difícil devido à depressão? Dos trabalhadores que votaram pelo bônus? Ou do chefe da fábrica que impôs uma decisão tirânica e injusta sobre os trabalhadores? Essa reflexão gerada pelo conflito entre trabalhador-patrão já garantiu um apreço pelo filme da minha parte; eu ainda não havia assistido a um filme que retratasse essa mazela da organização da nossa sociedade. Sandra, que perdeu a votação na primeira reunião - sem ao menos ser avisada - decide pedir uma segunda votação, para ter tempo de conversar com todos seus colegas em particular, e de algum modo tentar convecê-los a abrir mão do bônus para deixá-la ficar com seu emprego. 

    As angústias de Sandra, que é obviamente a personagem mais retratada ao longo do filme, passam por sua doença, pela necessidade de manter seu emprego - mesmo ela sabendo que, se mantivesse seu cargo, o ambiente de trabalho não seria dos melhores - e a impotência e até mesmo vergonha de falar com seus colegas trabalho. Sandra sabe que todos - ou quase todos - realmente precisam do bônus; são da classe trabalhadora, possuem filhos, alguns aparentemente são imigrantes e possuem contratos que podem ser cancelados, etc. "Deux jours, une nuit", filmado na Bélgica, é um filme que retrata personagens socialmente desfavorecidos de uma forma muito sutil e cirúrgica. 

   

Uma parte dos lugares - de graça - que quero conhecer em NYC durante meu intercâmbio.


    Quando eu decidi fazer um intercâmbio com low budget, eu já sabia que para gastar pouco eu teria que ser muito organizado e procurar fazer tudo com muita antecedência; e foi assim que fiz a maioria das coisas até agora, desde a compra da minha passagem, minha colocação no emprego de três meses, minha estadia planejada pelo CouchSurfing, meu estudo pelos métodos mais baratos de transporte e como economizar na comida. É muito possível viajar de um modo barato, e muitas vezes conseguir fazer uma grana extra nesses países (ou simplesmente trabalhar em troca de estadia e comida), o que realmente precisa é planejamento e tempo. Se tem uma coisa que eu aprendi no processo de organização do meu intercâmbio foi: quanto menos organizado e proativo você for, mais você vai pagar durante sua viagem. Meu trabalho não fica em NYC, mas sim em Sloatsburg, uma cidadezinha que fica a mais ou menos uma hora da capital, porém eu estou planejando ficar um mês em NYC após o período do meu trabalho acabar (por isso vou usar o CouchSurfing). Minhas ideias principais sempre foras as mesmas, desde que pensei em fazer o intercâmbio no início do ano: conhecer o maior número de pessoas e lugares, fazer novos amigos, mudar meu horizonte de pensamento, praticar meu Inglês, mas tudo isso gastando pouco e apenas com o dinheiro que eu conseguisse guardar aqui no Brasil.



1. MoMA

    The Museum of Modern Art, MoMA; normalmente você precisa pagar para entrar, o ingresso normal é vinte e cinco dólares, mas se você for nas sextas-feiras, das 4-8pm, você consegue entrar de graça. Já sabemos que dia ir hahaha. 


2. Highline

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fonte: Washington Post
    O highline é um parque público que foi construído em uma antiga linha de trem fretado, fica aberto normalmente até às 11pm, estou pensando em ir no final do dia. Parece que tem alguns grafites e expressões artísticas, junto com uma arquitetura que junta o antigo com o contemporâneo. Eu vi no site do parque que eles disponibilizam várias oficinas para a população, como meditação, oficinas de música, colheita de mel (?), mas acho que vai depender muito da época que você vai; como eu vou no verão acredito que muitas delas estejam disponíveis. 


3. Cinema ao ar livre no Brooklyn Bridge Park

    Mesmo viajando vai ser incrível assistir à qualquer filme em um ambiente totalmente diferente. Pesquisei sobre vários festivais de cinema ao ar livre, e acho que vou conferir um no Brooklyn Bridge Park (tem pipoca de graça \o/ - só não sei quanto tempo vai durar hahaha). 

4. New York Public Library

    For sure! 

5. Central Park 


fonte: @JeremieDupont
  Afinal precisamos viver de alguns clichês; já conversei com uma das minhas hosts pelo CouchSurfing, e nós combinamos de fazer um picnic durante um final de semana. Quero tirar umas fotos massas por lá com a minha câmera, fazer um passeio de bicicleta e escutar qualquer dica dos nativos. O Central Park é gigante, comecei a anotar algumas coisas que quero conhecer por lá, por exemplo: o lago, Great Lawn (é aquele gramado enorme que a galera vai pra fumar e ficar lendo - ou vai para brincar com os filhos mesmo), The Mall, Shakespeare Garden, The Wollman Rink (não sei se vai ter muita graça de ir no rinque de patinação no gelo durante o verão - veremos), Strawberry Fields, etc. Obviamente todas as entradas são gratuitas (desde 1858 segundo o site do parque), e fica aberto das 6-1pm.
  






6. Brooklyn Bridge 

    Mates, é uma ponte - eu sei - mas deve ser muito massa fotografar lá de cima. 

7. The MET

    Talvez você conheça o MET de quanto o Joey pede um conselho para a Phoebe (ou era a Rachel?) de algum lugar para levar uma garota no primeiro encontro. Não vamos repetir o erro do Joey e confundir o METS (time de baseball), com o MET (Metropolitan Museum of Art). O museu pede uma doação - que não é obrigatória - mas é um dos modos de financiar o local.

Imagem relacionada

8. Brownstones, Prospect Heights, Brooklyn

    Brownstone é o material do qual aquelas casas germinadas típicas do Brooklyn são constituídas. Novamente um dos meus hosts mora no Brooklyn, então estou pensando em simplesmente caminhar e conversar - o que ainda é de graça na nossa sociedade. 


    Vou continuar escrevendo alguns posts sobre os lugares - for free - que quero conhecer, porque além de compartilhar com vocês e trocar ideias e opiniões, consigo fazer uma espécie de roteiro organizado por aqui (para eu seguir enquanto estiver lá). Se você tiver alguma sugestão, me manda um email, comentário, carta, tanto faz. Se por um acaso alguém estiver lá a partir do dia 20 de agosto, pode me chamar que a gente pode marcar de tomar um café ou qualquer outra coisa (eu vou dia 11 de junho, mas como já disse, meu trabalho é em Sloatburg - vou ir para NYC em agosto). See you mates. 

Digamos que hoje foi o primeiro dia que não estava quente.


    Vamos lá, sentei para escrever de novo, esses intervalos estão ficando cada vez maiores. 
  
    Ultimamente estou refletindo e conversando com amigos e professores sobre o que nosso trabalho representa, digo, qual seria o melhor modo de utilizarmos duas coisas muito importantes que temos: disposição e tempo de vida. Seria estudando incessantemente para construir um futuro/sociedade melhores? Seria ajudando a sociedade através de solidariedade? Talvez aprender o maior número de línguas possíveis e conhecer culturas diferentes? É muito difícil definirmos o que o trabalho representa para um indivíduo, muitas vezes é apenas fonte de sobrevivência e servidão. A incerteza ainda anda comigo em muitas decisões que penso em tomar na minha vida, mas se tem uma coisa que defini como certa é que quero que meu trabalho futuro não construa apenas um futuro melhor para mim, mas sim para toda a comunidade. Hoje, terça feira, é um dia que sinto muitos pensamentos diferentes rondando minha mente; pela manhã estava trabalhando de voluntário nas aulas de Português para os imigrantes, e fiquei pensando em como eu recebo muita coisa em troca (é não estou falando em dinheiro). A possibilidade de conhecer outras culturas, a visão de fora do nosso país, poder praticar e aprender Francês com os alunos enquanto ensinamos o Português (hoje descobri que 'bonbon' significa 'doce' em Francês, mas uma aluna chamou um 'biscoito'/'bolacha' de 'bonbon', então acredito que a definição seja bem ampla). Conversar com alunos me fez pensar no que fazer da minha vida agora que sou novo, de que maneira fazer bom uso do meu tempo aqui na Terra. 


Quarenta e um dias.

 


   Quarenta e um dias para o meu intercâmbio, e eu ainda não consigo acreditar na velocidade que o tempo está passando. Já acabei algumas cadeiras na faculdade, e ainda não acredito que realmente estou na faculdade; parece que ontem eu estava na escola. Enfim, a vida anda com uns altos e baixos, mas depois que comecei a frequentar as aulas de meditação comunitárias fiquei pensando mais no sentimento da gratidão; cara, como eu tenho uma vida boa. Comecei a participar de um projeto de extensão de voluntários da minha faculdade; toda terça-feira, eu e mais alguns alunos do curso de Letras damos aulas de Português para os imigrantes aqui da região (principalmente haitianos e senegaleses). Começar a participar desse projeto foi incrível, consegui conhecer muita gente inteligente e engraçada pra caramba; e ainda consigo praticar meu Francês, que nem está engatinhando ainda, tá mais pra um bebê de colo (pra quem não sabe, a maioria dos haitianos e senegaleses fala Francês como língua principal; alguns haitianos usam o Crioulo). Voltei a consumir cinema, e ontem vi "Mother!", do Aronofsky. Ainda estou lendo "The name of the wind", pro clube do livro no Goodreads; estou praticamente na metade do livro. See you mates.