"Entre les murs" ou "Entre os muros da escola".




    Como eu gosto de encontrar filmes que retratem algo tão essencial quanto a educação nos ambientes sociais mais diversos; e em "Entre les murs", filme que recebeu a premiação de Palme d'or no festival de Cannes em 2008, encontramos isso em sua forma mais sincera e fidedigna. Praticamente o filme inteiro se passa na sala de aula, com a relação do professor François com seus alunos, esses que são originários de vários países e inseridos em culturas diferentes na sociedade dos subúrbios de Paris. 

    Como eu já disse antes, o diálogo que constrói toda a narração é incrivelmente bem construído, mas o que realmente brilha no filme é a sinceridade com que a profissão do professor, e eu diria até sua suma importância em uma sociedade, é relatada. Arrisco dizer que noventa por cento do filme se passa dentro de uma sala de aula nos subúrbios de Paris, e isso em si já diz muito sobre o filme. A cena inicial, com os professores se apresentando para os colegas de trabalho, retrata muito bem o vigor que muitos apresentam para encarar os desafios da profissão. Acredito que "Entre les murs" consegue retratar um professor ao mesmo tempo frágil, sem apoio da sociedade e do Estado, mas também uma figura forte, com princípios e que realmente possui noção da importância do seu trabalho.

    Cinema francês tem algo especial, e com esse filme meu gosto por ele apenas reacendeu. Se compararmos "Entre les murs" com "Freedom writers" (Escritores da liberdade), um filme americano da mesma temática, conseguimos enter a grande lacuna entre dois tipos bem diferentes de cinema. Enquanto que no cinema de Hollywood a trama precisa apresentar um clímax, algo que entretenha, no outro, conseguimos apenas admirar bons diálogos e uma bela história fidedigna.

    See you mates. 
    

Voltando a consumir cinema e Lady Bird.

  

    Durante uma daquelas conversas que temos com nós mesmos, fiquei pensando qual era o motivo de eu gostar de filmes como Frances Ha, com atuação de Greta Gerwig, e Lady Bird, com direção de Greta Gerwig; consegui chegar na conclusão que esse tipo de filme consegue fazer algo que o cinema de massa dos EUA dificilmente consegue: trazer o humano para o centro do enredo. É difícil encontrarmos filmes que falem apenas do ser humano, seus problemas íntimos, angústias e relações; normalmente consumimos tramas mega elaboradas, com personagens excepcionais e aventuras deslumbrantes. Um filme que consegue ser incrível tratando de temas banais, do cotidiano, para mim, é um filme que se destaca.

    Nunca fui de acompanhar as premiações do Oscar, não acredito muito na credibilidade das nomeações, e ainda acho que falta muita diversidade nas premiações cinematográficas. Mas, depois de toda a poeira ter baixado (como eu normalmente faço), fui conferir alguns filmes. O único que eu já tinha visto (e gostado pra caramba) tinha sido o "Get out"/"Corra!", depois fui para o "The shape of water"/"A forma da água", e agora para um gênero bem diferente dos outros dois, com "Lady Bird". 

     Lady Bird é a denominação que nossa protagonista usa; talvez não goste do nome que seus pais escolheram (como não gosta de muitas coisas relacionadas com seus pais), ou queira ser diferente das massas, não sei. Mas o que posso afirmar sobre Lady Bird é que ela não é uma personagem idealizada, na verdade parece ser uma menina bem difícil de lidar. Em muitas ocasiões é egoísta, tem vergonha da sua família, critica a aparência do irmão e da namorada, procura transparecer grandeza para ser aceita pelas amigas mais populares, fica brava com seu primeiro namorado quando descobre que ele é homossexual, diz mentiras sobre sua professora (que ela gostava bastante) simplesmente para parecer cool. Quando perguntam aonde ela mora, diz que vive "no lado errado do trilho do trem", ou algo do tipo, querendo dizer que vive na parte mais pobre de Sacramento. 

    Sacramento, na costa oeste do país, é um grande problema para Lady Bird. Enquanto muitos aparentam gostar do lugar, da escola, do emprego e da faculdade, ela simplesmente quer sair da escola e conseguir alguma bolsa para estudar em NYC. Mas, mesmo com todos os problemas de caráter da personagem, e com todas as suas reclamações com seus white girl problems, a gente começa a entender algumas coisas que ela faz. A transição da escola para a faculdade é bem importante no filme, a situação financeira dos pais e as tensões dentro de casa. Sexo e drogas, obviously, e sem contar a figura do garoto que tenta ser cool lendo livros de história no meio de uma festa (ninguém consegue ler no meio de uma festa, vamos ser sinceros), critica o capitalismo e fuma apenas cigarros enrolados por ele mesmo (claro, também tem que mentir sobre sua virgindade e ser mau de cama). 

    Gostei bastante do final do filme, admito que na metade não estava gostando tanto, mas ainda fico meu Frances Ha. É um filme 7/10, talvez até menos. See you mates. 



Então, eu assisti à "A forma da água"/"The shape of water" do Guillermo del Toro.

   


    Sim, eu fiquei um bom tempo sem escrever nada aqui no blog, principalmente pela enxurrada de trabalhos e provas na faculdade, trabalho, papelada do meu intercâmbio; mas também simplesmente pelo fato de eu não ter assistido a muitos filmes e lido muitos livros. Depois de ter ficado um bom tempo sem consumir nada de cinema, apenas começando algumas séries whatever, eu decidi sentar e ver qual era desse último filme do del Toro, esse que ganhou o Oscar e tudo mais. 
    
    Já vou dizendo que não sou o maior fã de ficção científica; mas sou admirador de coisas estranhas, diferentes e que brinquem com a aversão ao estranho, e de certa forma foi isso que encontrei na película do gênero com um clima de Guerra Fria e um monstro que me lembrou muito de HellBoy. O filme é bonito (não sei se esse seria o melhor adjetivo para descrevê-lo, mas vou ficar com bonito mesmo), porém a beleza nem sempre é apresentada na sua forma tradicional; em "A forma da água", Del Toro utiliza uma bela escolha de fotografia, cenário e estética para construir um universo com muita personalidade. 

    A história principal não é muita coisa, na verdade é bem clichê; uma das funcionárias responsáveis pela limpeza de uma base governamental dos EUA durante a corrida armamentista se apaixona por uma das "experiências" com a qual o governo está lidando. "A experiência" é na verdade um monstro marinho, uma mistura de homem com anfíbio, capturado pelo governo americano em um rio na América do Sul (vou acreditar que seja na Amazônia). Os nativos acreditavam que o "homem anfíbio" era um tipo de divindade, um deus. 

    O brilho do filme está nos detalhes, e principalmente da índole e personalidade de cada personagem, por mais raso que ele seja. Mesmo um personagem que apareceu apenas uma vez ao longo do filme inteiro, que é o exemplo do marido da Zelda, é construído de forma "despreocupada" através de relatos da própria Zelda para a Elisa (protagonista) enquanto estão trabalhando. O modo que descobrimos a orientação sexual de Giles, ilustrador e vizinho de Elisa, é de uma sutileza e simplicidade incrível. 

    O fundo histórico, por mais que seja o que movimentou a história, não recebe tanta ênfase ao longo da trama. Alguns espiões russos, um cientista que aparentemente trocou de lado, etc. Mas, com relação ao contexto histórico, o que mais me chamou a atenção foi um pequeno detalhe que passou despercebido para um amigo meu que já havia assistido ao filme: quando Giles leva sua ilustração para uma fábrica (não sei dizer do que) e recebe a ordem de mudar a cor da gelatina (que era vermelha). Talvez eu esteja indo longe demais, mas acho que isso seria uma "repugna" ao comunismo da URSS, sendo transmitido através da aversão a uma cor característica do movimento. 

    O vilão é muito bem construído, um personagem muito fácil de ser odiado; machista, "dono" da casa, grande representante da família "tradicional" que os EUA tentavam vender na década de sessenta, tenta assediar as funcionárias, possui um sentimento de ódio pela criatura, e por aí vai. 

    Filme bem massa, confesso que estava esperando algo mais psicológico/filosófico, e acabei recendo uma aventura um pouco diferente. See you mates. 




Leitura finalizada: Frankenstein, de Mary Shelley.

   

     Eu terminei esse livro faz um tempo, tinha até decidido não comentar nada sobre a leitura; para não deixar o blog com grandes lacunas do meu ócio, decidi sentar antes de começar um trabalho da faculdade que eu estou postergando, e escrever alguns comentários. 

    Primeiramente posso dizer que o início do livro, e a sua organização, me surpreenderam muito. Nunca tinha imaginado que a história do monstro de Frankenstein começaria em São Petersburgo e acabaria ao meio de geleiras no polo norte. Todo livro é contado através de relatos em cartas, ou retratado pelos atuantes da estória; o que chamamos de romance epistolar. 

   O romance da Mary Shelley, sim é uma autora mulher que cresceu com uma mãe feminista (Mary Wollstonecraft), apresenta muitos elementos do gótico, com personagens bem explorados e horrores da mente sendo expostos. Ao ler uma obra que já foi "adaptada" para várias mídias, fica difícil não imaginar o monstro como algo já estabelecido em nossa mente.

   É muito importante atentarmos para a data que a obra foi publicada, no início do século XIX, esse que passou por uma forte e ligeira revolução industrial, com o uso visível da energia elétrica e de muitas outras formas de tecnologias extravagantes para as mentes da época. Temos que entender a mudança que a ciência começou a operar na vida da população; o mundo começou a ficar menor devido aos meios de transporte, a classe operária começou a surgir e a lotar as cidades. Com a migração da população à cidade, doenças começaram a se proliferar, gerando os grandes avanços da medicina (medicina social de Rudolf Virchow e saúde pública de Edwin Chadwick). Sem mencionar as grandes invenções do século, como: locomotiva, fotografia, anestesia, telefone, lâmpada, dirigível, automóvel, termômetro clínico, toca-discos etc. Quando deparados com essa grande revolução, os indivíduos começaram a ter a ideia de que o homem estava funcionando como um "deus"; e isso, de certa forma, foi um dos motivos que levou Mary Shelley a escrever uma obra sobre a criatura.

   O romance passa por vários momentos, uns melhores, outros piores. Para ler a obra você precisa ter em mente o ritmo totalmente diferente da literatura da época. Para mim, o ápice do livro é quando a criatura se aloja em uma cabana e começa a analisar a vida dos que a habitam, aprendendo a língua e a história do povo. A trama de gato e rato do final do livro foi bem maçante para mim.

    See you mates. 

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Update do clube de leitura.

Chegou \o/


Jantar veggie, boas conversas, muitas horas com séries, leitura atual e chocolate.

   Acabei de assistir ao último episódio de uma série que eu nunca pensei que ao menos começaria a acompanhar. "Iron Fist", sim, aquela do herói mesmo. Sempre tive muito preconceito com esse tipo de produção, mas acabou sendo um entretenimento muito legal (sempre também uso a pequena descarga emocional de assistir com legendas em Inglês para não sentir que estou apenas "perdendo" tempo. That's life hahaha). Talvez eu tenha gostado pelo sentimento de nostalgia que me atacou quando comecei o primeiro episódio. Quem foi criança no início dos anos dois mil vai lembrar dos Power Rangers; nesse caso estou falando daquela série infantil toscona mesmo, onde o sangue humano se converte em faísca, um celular vira uma das maiores armas (admita que seus pais tinham um celular que abria a tela e você brincava de Power Ranger), e não sei porque essa série me lembrou o primeiro episódio desse kind of desenho da minha infância (eu sei que existem diferentes séries do PR, mas estou falando daquela com os animais). Enfim, é bem massa; assista em Inglês para tirar a mesma carga emocional dos ombros. 

   Estou finalizando a minha leitura de Frankenstein, e o livro apresentou alguns picos que despertaram o meu interessante ao longo da leitura. A grande maioria do romance é contada através de relatos, tanto do Dr. V. Frankenstein, quanto da criatura que ele gera. Se você apenas conhece o monstro de Frankenstein pela cultura pop, talvez não tenha afinidade com a verdade estória criada inicialmente pela Mary Shelley no início do século XIX. O livro é um grande reflexo/produto do seu tempo, foi publicado em 1815, perto de muitas invenções, revoluções e descobertas científicas. O que mais me interessou até agora (pode ser que você considere spoiler o que vou escrever) é o momento de fuga da criatura do covil no qual ela foi gerada. O monstro se aloja em uma cabana e fica observando obcecadamente a vida dos moradores. Acredito que consigo acabar o livro ainda esse final de semana; se bem que eu preciso começar e terminar um trabalho da faculdade que eu já deveria estar com 80% pronto. 

   O clube do livro do Outside the cafe no Goodreads nem começou e eu já estou muito ansioso. O primeiro livro do clube vai ser "O nome do vento/The name of the wind", do Patrick Rothfuss. Vamos começar a leitura apenas semana que vem, se você estiver com vontade de participar é só me adicionar no GoodReads e mandar uma mensagem, ou fazer um pedido para entrar no grupo (tem um widget no canto direito do blog sobre o clube de leitura). É interessante fazer parte do grupo porque lá podemos criar tópicos de discussão, fazer o upload de fotos, compartilhar vídeos, etc. See you there mates. Lembrando também que você não precisa comprar o livro, provavelmente você consegue achar em alguma biblioteca pública ou de uma universidade. Existem outros meios também. No caso desse primeiro livro, eu decidi comprar o paperback no original porque estava bem baratinho na Amazon (vinte e poucos pilas). 


   Ontem fiz um jantar veggie (batata doce no forno, abóbora, grão de bico, couve, tomates e cenoura) e consegui convencer a minha mãe de comer comigo; é tão bom comer algo que simplesmente vem da natureza, sem nenhum sofrimento, simplesmente natural. Eu ainda  não levo um estilo de vida vegano, e acho que vai demorar muito para eu conseguir, mas me sinto muito melhor agora que não como carne. Depois eu comi chocolate que sobrou da semana passada (acredito que todos devam estar com chocolate em casa hahah). 

   See you mates. 

Arctic Monkeys e caminhadas.

   Chegou uma cafeteira aqui em casa e eu ainda não sei como meu corpo está conseguindo aguentar a quantitade absurda de cafeína que eu estou colocando dentro dele. Outra coisa, como um viciado nato, posso afirma que a velocidade que a água cai no filtro do café influencia o gosto dele (talvez eu estou maluco, mas parece que o café fica muito melhor quando vai sendo filtrado aos poucos). Estou começando a ir caminhando para a faculdade, isso está me ajudando a pelo menos não ser cem por cento sedentário nos últimos dias; e ainda consigo descobrir algumas músicas novas. Comecei a escutar uma música do Caetano Veloso e fiquei viciado, o nome é Haiti. 

VOCÊS VIRAM QUE O ARCTIC MONKEYS LANÇOU UM ANÚNCIO OFICIAL DO NOVO ÁLBUM?


Observemos mais as plantas para o caminho da humanidade pura.

    Vivo na sociedade do medo, e como todas as outras, baseada na escada da história; na sociedade da ignorância, que opta externar suas opiniões antes de checar qual foi o resultado dessas no passado. Vivo na sociedade que já apanhou para ficar calada, corroída pela condução de informações, mas que tenta sobreviver como todas: com esperança. Meus avôs viveram no século das guerras, das pilhas de mortos, do fascismo, das revoluções, do medo, da quebra de muros, da ascensão de potências; cai em mim a vontade da luta, da mudança, da construção da educação e busca dos direitos plenos; do mesmo modo que uma planta tenta sobrepujar os blocos da calçada cinzenta; de certa forma uma ação que cresce no meio da barbárie. Agora vou mudar a pessoa do meu discurso, não apenas na narrativa, mas também na sociedade. Nós temos o papel de funcionar como pequenas plantas, que crescem no meio de muros, tomam a cidade, quebram o pensamento e a estética unilateral das paredes opacas; que tenhamos na mente a história, mas nos braços, o presente. Tenhamos a vontade de olhar para uma sociedade que caminhe para o verdadeiro progresso, aquele que é harmônico e busca quebrar aquilo que corrói a simples existência humana. Tenhamos a simplicidade e obstinação da planta, que não se deixa abater pela extensão da calçada, que busca brechas na formação organizada pelo homem. Não percebemos a sua presença ao passar por ela no caminho do trabalho ou faculdade; ela simplesmente cresce timidamente, sem nenhum objetivo aparente e sem ordenação explícita. Observemos mais as plantas para o caminho da humanidade pura. 

Clube do livro :)

   Sempre foi minha ideia manter um clube do livro, e já que não consigo reunir amigos suficientes que tenham amor pela leitura, decidi usar outros meios. Criei um grupo no Goodreads do Outside the cafe, no qual todo mês (eu espero) vamos ler (eu espero) um livro votado pelos integrantes do grupo (podemos ver melhor como vai ser organizado com o passar do tempo; adoraria ouvir a opinião de todos. O grupo vai ser uma democracia). Nunca usei a plataforma do Goodreads para grupos, mas acredito que todos podem fazer posts, comentar, colocar fotos, fazer votações, etc (basic). Quem ainda não for meu amigo, manda um pedido de amizade no Goodreads, e envia uma mensagem dizendo que quer participar no grupo de leitura. Vou adicionando todo mundo ao passo que me mandarem as mensagens. Os gêneros dos livros sempre serão diferentes; fantasia, YA, clássico, contemporâneo, poesia, história, ficção científica, quem sabe até quadrinhos e graphic novels. See you mates. 

Meu perfil: João Vitor (só clicar)