Voltando a consumir cinema e Lady Bird.

  

    Durante uma daquelas conversas que temos com nós mesmos, fiquei pensando qual era o motivo de eu gostar de filmes como Frances Ha, com atuação de Greta Gerwig, e Lady Bird, com direção de Greta Gerwig; consegui chegar na conclusão que esse tipo de filme consegue fazer algo que o cinema de massa dos EUA dificilmente consegue: trazer o humano para o centro do enredo. É difícil encontrarmos filmes que falem apenas do ser humano, seus problemas íntimos, angústias e relações; normalmente consumimos tramas mega elaboradas, com personagens excepcionais e aventuras deslumbrantes. Um filme que consegue ser incrível tratando de temas banais, do cotidiano, para mim, é um filme que se destaca.

    Nunca fui de acompanhar as premiações do Oscar, não acredito muito na credibilidade das nomeações, e ainda acho que falta muita diversidade nas premiações cinematográficas. Mas, depois de toda a poeira ter baixado (como eu normalmente faço), fui conferir alguns filmes. O único que eu já tinha visto (e gostado pra caramba) tinha sido o "Get out"/"Corra!", depois fui para o "The shape of water"/"A forma da água", e agora para um gênero bem diferente dos outros dois, com "Lady Bird". 

     Lady Bird é a denominação que nossa protagonista usa; talvez não goste do nome que seus pais escolheram (como não gosta de muitas coisas relacionadas com seus pais), ou queira ser diferente das massas, não sei. Mas o que posso afirmar sobre Lady Bird é que ela não é uma personagem idealizada, na verdade parece ser uma menina bem difícil de lidar. Em muitas ocasiões é egoísta, tem vergonha da sua família, critica a aparência do irmão e da namorada, procura transparecer grandeza para ser aceita pelas amigas mais populares, fica brava com seu primeiro namorado quando descobre que ele é homossexual, diz mentiras sobre sua professora (que ela gostava bastante) simplesmente para parecer cool. Quando perguntam aonde ela mora, diz que vive "no lado errado do trilho do trem", ou algo do tipo, querendo dizer que vive na parte mais pobre de Sacramento. 

    Sacramento, na costa oeste do país, é um grande problema para Lady Bird. Enquanto muitos aparentam gostar do lugar, da escola, do emprego e da faculdade, ela simplesmente quer sair da escola e conseguir alguma bolsa para estudar em NYC. Mas, mesmo com todos os problemas de caráter da personagem, e com todas as suas reclamações com seus white girl problems, a gente começa a entender algumas coisas que ela faz. A transição da escola para a faculdade é bem importante no filme, a situação financeira dos pais e as tensões dentro de casa. Sexo e drogas, obviously, e sem contar a figura do garoto que tenta ser cool lendo livros de história no meio de uma festa (ninguém consegue ler no meio de uma festa, vamos ser sinceros), critica o capitalismo e fuma apenas cigarros enrolados por ele mesmo (claro, também tem que mentir sobre sua virgindade e ser mau de cama). 

    Gostei bastante do final do filme, admito que na metade não estava gostando tanto, mas ainda fico meu Frances Ha. É um filme 7/10, talvez até menos. See you mates. 



8 comentários:

  1. Se tu curtiu Lady Bird recomendo demais The Edge of Seventeen e The Florida Project, dois filmes tratando de assuntos parecidos com o de lady bird e bem feitos

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  3. hey, João! fico no time Frances Ha também. guardo um carinho por produções que me fazem refletir e pensar "poxa, parece eu ali". filmes que falem dos nossos medos, vontades, coragens. e, tudo bem, não sou nenhuma expert no assunto, mas... existem filmes que fazem isso com um "quê" em que me apaixono - e Frances Ha, Submarine, aquele da Amélie Poulain etc, souberam me dar um abracinho quente. bem, outra coisa que gostei no da Frances foi a fotografia (eu amo ver esses detalhes nas produções. você observa?).

    um super abraço e espero que esteja tudo bem com você.
    <3

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    1. Frances Ha tem todo um estio próprio mesmo; e sim, adoro admirar a fotografia dos filmes, normalmente é o que mais me chama a atenção.

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  4. Ainda não assisti Lady Bird por causa de Frances Ha. Deixa eu explicar... eu amo Frances, me sinto tão representada (embora eu e ela sejamos bem diferentes, sinto algum tipo de conexão bizarra), e acho que to guardando Lady Bird para algum momento específico, porque acho que vou sentir algo parecido, ou igual ou mais intenso (até porque minha idade é mais parecida com a da protagonista de Lady Bird). Toda vez que toca Modern Love do Bowie eu sinto uma energia diferente, por causa da Frances, ta na minha bucket list colocar essa música pra tocar e sair correndo por NYC.

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    1. A personagem da Frances é MUITO melhor que a Lady Bird; no meu caso consegui me relacionar mais com ela mesmo. Abraços :)

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