Observemos mais as plantas para o caminho da humanidade pura.

    Vivo na sociedade do medo, e como todas as outras, baseada na escada da história; na sociedade da ignorância, que opta externar suas opiniões antes de checar qual foi o resultado dessas no passado. Vivo na sociedade que já apanhou para ficar calada, corroída pela condução de informações, mas que tenta sobreviver como todas: com esperança. Meus avôs viveram no século das guerras, das pilhas de mortos, do fascismo, das revoluções, do medo, da quebra de muros, da ascensão de potências; cai em mim a vontade da luta, da mudança, da construção da educação e busca dos direitos plenos; do mesmo modo que uma planta tenta sobrepujar os blocos da calçada cinzenta; de certa forma uma ação que cresce no meio da barbárie. Agora vou mudar a pessoa do meu discurso, não apenas na narrativa, mas também na sociedade. Nós temos o papel de funcionar como pequenas plantas, que crescem no meio de muros, tomam a cidade, quebram o pensamento e a estética unilateral das paredes opacas; que tenhamos na mente a história, mas nos braços, o presente. Tenhamos a vontade de olhar para uma sociedade que caminhe para o verdadeiro progresso, aquele que é harmônico e busca quebrar aquilo que corrói a simples existência humana. Tenhamos a simplicidade e obstinação da planta, que não se deixa abater pela extensão da calçada, que busca brechas na formação organizada pelo homem. Não percebemos a sua presença ao passar por ela no caminho do trabalho ou faculdade; ela simplesmente cresce timidamente, sem nenhum objetivo aparente e sem ordenação explícita. Observemos mais as plantas para o caminho da humanidade pura. 

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