Quando me perguntam o que faço da vida.

   Às vezes tudo parece estar em equilíbrio em minha vida, até o momento em que olho para dentro e me vejo perdido. A agonia de não saber aonde enfiaram o brilho da minha infância, aquele que eu segurava em minhas mãos com o mais largo sorriso no rosto. Infância não aquela na qual eu brincava na escola e aprendia um pouco sobre como funcionavam as coisas, mas aquela na qual eu acordava todos os dias com vontade dentro do peito. Infância essa que pode acometer até pessoas com a cara marcada pelo tempo, a mesma que na falta deixa a face sem sentido e cor. Falo da infância que coloca um filtro sobre nossos olhos, nossos pensamentos, nossos sonhos, tornando tudo mais aceitável.

   Durante a passagem do dia, aquele que já perdeu sentido para muitos, procuro o brilho que escorreu lentamente e sem explicação das minhas mãos, como areia, como água, como ar. Não sei quando aconteceu, nem o porquê; sei que me senti impotente, como alguém que assiste a um assalto esperando que nada de ruim aconteça. Se me perguntam o que faço da vida, respondo que procuro dar mais sentido a ela; procuro encher o bule de café e também descobrir quem vai beber desse líquido escuro. Olho para tudo com entusiasmo, e com força para não o deixar fugir de mim. 

   Não sei se gosto de voltar pra casa, não sei se quem deita sou eu ou apenas o que restou. Não sei o que espero, será que algo muda mesmo nessa vida?

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