"A Sombra do Vento", de Carlos Ruiz Zafón

     



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     O crescimento do autoritarismo, o início de uma guerra e as mudanças de uma sociedade perante maus presságio são sempre fatores difíceis de serem percebidos pela grande parcela da população; a realidade brasileira demonstra isso muito bem. As pessoas trabalham, têm relações, saem nos finais de semana, escrevem, comem, bebem, e em suma, seguem com suas vidas. "A Sombra do Vento" é um livro que acima de muitas coisas consegue demonstrar isso muito bem. Carlos Ruiz Zafón arquiteta sua trama em duas principais linhas do tempo - o pós guerra em Barcelona, e o período antes dos terríveis acontecimentos - ambos marcados pela presença dos livros, de leitores e de relações pessoais. O romance consegue demonstrar o amor em diversas esferas; o amor pelas palavras, pelas pessoas e pela vida. Mas também relata o ódio - o sentimento que consegue matar, extinguir às cinzas e destruir instituições já muito bem estabelecidas. Daniel Sempre trabalha em uma pequena livraria nas ruas de Barcelona. Como é muito provável de se deduzir, compartilha do amor pelo livros devido à influência do seu pai. Em uma madrugada em que os pensamentos do filho do livreiro beiravam a sombria morte de sua mãe, o pai do garoto decide levá-lo até o Cemitério dos Livros Esquecidos. Lá o pai diz para o filho escolher um livro, algum que tivesse de algum modo lhe chamado atenção, que poderia preencher os vazios da vida do garoto e acalentar seus sentimentos durante dias difíceis. Nos dias seguintes, Daniel se apaixona por um livro chamado "A sombra do vento", e fica estranhamente interessado na misteriosa história de vida e do desaparecimento de Júlian Carax, o escritor do romance. Ao longo dos anos o autor torna-se um amigo próximo, mesmo tendo Daniel nunca o encontrado, mas as dúvidas que pairam sobre sua cabeça o fazem seguir cada vez mais as pistas que o desaparecido escritor deixou para trás. Por muito tempo baseia seu projeto de vida em saber mais da história do autor. Quer saber por que Julian foi morar em Paris, o que fazia lá, quem era o amor da sua vida, quais foram suas decepções e conquistas. A segunda linha temporal da narrativa toma conta de relatar a vida de Julian. Essa parte da história é contada através de relatos, confissões e cartas de amigos, amores e inimigos de Julian. Zafón consegue criar personagens muito límpidos no quesito personalidade; quase todos são reais e realmente carismáticos. Fermín, perseguido por policiais e forçado a morar nas ruas sombrias da cidade, torna-se grande amigo de Daniel e seu pai. Quando os dois descobrem o talento e a paixão daquele homem enigmático para com os livros, decidem empregá-lo na livraria familiar. Em minha opinião, Fermín é o personagem mais carismático e engraçado da obra inteira, muito mais que Daniel ou qualquer outro personagem "principal" da trama. A violência que assola a Espanha, e principalmente Barcelona, no período da Guerra Civil Espanhola é muito marcante na vida dos personagens. Algumas passagens do livro foram difíceis de engolir - algumas tramas que me lembraram novelas mexicanas, mas em suma a história foi bem marcante para mim. Para mim é difícil enquadrar esse livro em algum estilo, pois acho que ele consegue se encaixar em um mistério policial, mas também com um pé no horror e outro nas relações/intrigas familiares. A fumaça do cigarro que cobre a cara de um homem na penumbra das noites de outono é um mau presságio para Daniel - para o leitor, a caracterização de um possível "vilão". Esse homem, com feições misteriosas e com objetivos ainda mais obscuros, procura os livros de Carax com o único objetivo de queimá-los. Essa é a força motriz que o leva para a livraria dos Sempere, e essa ambição também é algo que move a trama dos personagens de forma frenética. Quero saber um pouco de vocês, já leram "A Sombra do Vento"? Se você já leu, acha que eu deveria continuar lendo os próximos volumes? Boa leitura. 



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