Leitura finalizada: A morte do pai, de Karl Ove Knausgård.

fonte: Paris Review
  
 Como vocês podem ter notado pela quantidade de posts dedicados a este livro, gostei muito do primeiro livro da série de Karl Ove Knausgård, denominada "Minha luta" (do norueguês "Min Kamp"), e este é um dos fatores que tornam a escrita desta resenha algo muito difícil. Finalizar uma leitura dessas não foi algo simples, esse livro mexeu comigo de uma forma que eu nunca havia experimentado na literatura (depois de ler "A morte do pai", com certeza quero começar a ler Proust, autor que mais influenciou a obra de Karl Ove). Eu entrei nesta leitura sem saber ao certo qual era a história que o autor queria nos contar, e após ler algumas páginas e descobrir sobre o que aquilo se tratava, fiquei maravilhado. "Minha luta" é o livro que abre uma série autobiográfica sobre a vida dura e rígida do norueguês Karl Ove Knausgård. Ao começar a leitura alguns pensamentos passaram pela minha cabeça, como: "sério que um cara acha que a vida dele é tão interessante assim para escrever mais de três mil páginas sobre ela?". Mas, felizmente, eu não poderia estar mais errado. A narrativa do livro não possui uma linearidade cronológica, em um momento podemos estar lendo sobre sua adolescência e no outro estamos de cara com uma descrição sobre sua vida como pai. A leitura é prazerosa, a escrita é excelente; flui muito bem. 

   Este é um livro complicado de ser explicado, é uma daquelas experiências que não conseguimos transmitir facilmente; mas acredito que um bom modo de exteriorizar esta obra é falando sobre o seu motivo de existir. Um dos principais pilares para a construção desta obra é o fato de Karl Ove ter presenciado a morte do seu pai; não que ele tenha presenciado o momento exato da morte, mas sim todas as suas consequências, físicas e psicológicas. A morte do seu pai foi horrível, e a todo momento que uma descrição era feita sobre o acontecimento, eu começava a ter alguns arrepios. Em suma, ele faleceu de tanto encher a cara de bebida. Digo que isso funciona como ponto inicial da história que o autor quer contar, pois foi um grande ponto de virada na vida de Karl Ove. A morte do seu pai é contada principalmente na segunda parte do primeiro livro, mas o que realmente me fez ficar fascinado por tudo foi o conteúdo da primeira parte. 

   Acho que posso dizer que gostei mais da primeira parte porque foi a única coisa que já aconteceu comigo/continua acontecendo/vai acontecer por algum tempo ainda. Estou falando sobre as situações que Karl Ove vivenciou na sua adolescência até o início da vida adulta; quando começou a ficar viciado em beber, fumar, começou a descobrir sua sexualidade e aproveitar a vida sobre diferentes ângulos. As descrições desta primeira parte mexeram muito comigo, conseguiram expressar algo que eu às vezes não conseguia colocar em palavras, e durante muitas passagens eu me via falando algo como: "caramba,  isso é muito assim". Não espere nada muito bonito, a descrição de tudo é verdadeira, crua, fiel ao triste e digno do clima norueguês. 

   Esse cara virou um fenômeno mundial, mas ficou realmente conhecido na Noruega (que já não é um país muito grande; uma boa parcela do país conhece a sua obra), e é impossível acabar a leitura sem querer consumir um pouco da cultura que nos é apresentada. Uma boa parte do livro também é dedicada aos relatos sobre sua banda da adolescência e seu fascínio sobre bandas de rock (the police, led zeppelin, Bowie, etc.). Não vejo a hora de começar a ler o segundo livro da série, see ya mates.

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