Acabei a quarta temporada de Black Mirror, e por mais que ela tenha me decepcionado, já me sinto um pouco órfão desse ambiente pitoresco e angustiante característico da série. Em minha opinião, a série perdeu um pouco da essência em alguns episódios (Metalhead é um ótimo exemplo, WTF?), mas fiquei aliviado ao acabar alguns episódios como "Hang the DJ", "Crocodile" e "Black Museum".
(spoilers)
Achei interessante a inserção de elementos dos outros episódios nas exposições do museu, como aquele decodificador de DNA de "USS Callister", o aparelho creepy de monitorar a garota de "Arkangel" e a máscara dos participantes do episódio "White Bear" (um episódio da segunda temporada, um dos melhores da série para mim). A atuação da garota é incrível (parabéns pela produção da série em colocar mulheres como protagonistas), o dono do museu também mandou muito bem com suas narrativas malucas e um entusiasmo digno de serial killer. Os elementos sutis de um mundo futurista foram muito bem inseridos no episódio, sem muitas explicações conseguimos entender que tudo aquilo não está acontecendo em nossa década; o painel solar que carrega o carro deixa tudo isso bem claro. Quando as narrativas secundárias começaram a ser descritas pelo curador from hell achei que tudo começaria a ruir, tornando-se mais um episódio bem "nhé" dessa temporada, mas no fim tudo aquilo funcionou bem. Achei muito interessantes as histórias por trás dos artefatos explicados, menção honrosa para o ursinho (acho que esse plot geraria um episódio fod*). O final foi na medida certa, aquela incerteza que continuamos a ter se o tal prisioneiro era realmente culpado ou se foi tudo culpa do sistema. Ter descoberto que a mãe vivia na cabeça da protagonista, como um resquício da tecnologia apresentada durante o episódio, foi um elemento muito interessante. Em suma, o episódio trata sobre nossa consciência, encara a morte de um modo diferente e demonstra uma sociedade de humanos que a "venceu". Como todo bom episódio da série, fiquei com uma crescente angústia em me imaginar em algumas situações, como por exemplo, ter que viver dentro de um objeto inanimado para sempre, tendo apenas duas emoções para demonstrar o que sinto. Digamos que com todos os tropeços, Black Mirror conseguiu finalizar a temporada com um episódio digno.
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