Leitura finalizada: "Um outro amor", de Karl Ove Knausgård.

          Chegou a hora de eu sentar e tentar colocar em palavras mais uma miscelânea de emoções que foi a leitura do segundo livro da série "Minha luta" de Karl Ove Knausgård, "Um outro amor". Existem dois elementos que chamam a minha atenção quando pego um livro na mão, antes de tudo a capa, e consequentemente o título da obra. Quando li o primeiro livro do Karl Ove foi algo totalmente inesperado, estava simplesmente passando pelos corredores da biblioteca quando vi um nome estranho escrito em uma língua diferente, e com uma capa que expressava muito dos sentimentos que eu estava sentindo naquele período. Olhando apenas para isso já consigo exaltar uma grande diferença entre os dois primeiros livros; "A morte do pai" e "Um outro amor". Enquanto que no primeiro acompanhei um mundo de descobertas, tristeza, solidão, e obviamente como diz o título, o modo que o autor encara a morte; na leitura do segundo livro, "Um outro amor", senti um Karl Ove diferente, em uma fase da vida totalmente estranha àquela que me foi apresentada anteriormente.

fonte: the globe and mail.


          Se a morte é o tema que abre a série de livros "Minha luta", o amor familiar é o cerne do segundo volume do autor. Nesse encontrei um Karl Ove que deixou muitas coisas de lado para se dedicar simplesmente aos três filhos, mas ao mesmo tempo um homem que possui muitos debates psicológicos com ele mesmo. O jeito que ele retrata os filhos chega a ser engraçado em alguns momentos, sombrio em outros, e normalmente com um ar desajeitado. O livro é marcado por muitas mudanças; um divórcio inicial, moradia em um novo país, novos amores, a chegada de um filho e novos amigos. Novamente fazendo um contraponto entre os dois livros que li, posso dizer que o clímax emocional do primeiro é certamente a morte do pai de Karl Ove, enquanto que no segundo me deparei com um momento muito diferente da morte, na verdade o seu oposto, o nascimento. Páginas e páginas sobre o dia em que a primeira filha do nosso narrador nasceu podem ser consideradas o ponto alto do livro. Nesse consegui sentir toda a emoção aflorando na escrita, e fiquei pensando em como deve ser conseguir ler em Norueguês no original. 


          "E no fundo, se colocassem uma faca na minha garganta, a escrita vinha em primeiro lugar" ("Um outro amor", Karl Ove Knausgård)


          Acho que esse pequeno fragmento consegue levantar muitas questões sobre o íntimo do autor, ainda mais sobre os nossos desejos. O que mais me fascina na escrita desse cara é o poder de reflexão que a maioria das coisas que ele escreve tem sobre a minha vida. Será que eu estou fazendo aquilo que eu realmente gosto, ou estou fazendo aquilo que dizem que eu deveria gostar? Por mais que Karl Ove ame sua família, existe algo em sua mente que diz que nem sempre aquilo é o mais importante para ele. Uma pessoa que nasce, cresce, conhece, estuda, perde, ganha, bebe, fuma, chora, sorri, ama, odeia com certeza não é a coisa mais simples de ser categorizada. 


"Malte, lúpulo, água. O campo, o prado, o riacho. E assim era em relação a tudo, no fundo" 
("Um outro amor", Karl Ove Knausgård).


          O modo que todas as pequenas coisas são analisadas pelo olhar crítico da narrativa é incrível para mim, ir ao pub e tomar uma cerveja consegue se tornar um modo de explicar toda a fundação humana; posso não entender muito de literatura e escrita, mas eu acho isso do car****.

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