Cartas na rua, de Charles Bukowski.



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          Eu poderia facilmente comparar a leitura de "Cartas na rua", e acredito que todos os livros do Bukowski devido a relatos de amigos, com aquelas conversas de bar ou final de show trash de rock com os embriagados da vez. Charles Bukowski usa um alter ego, Henry Chinaski, para escrever sobre as inconstâncias de trabalhar nos correios dos EUA durante a década de cinquenta. A rotina de alguém que todos os dias bebe até às três da madrugada e começa a trabalhar às cinco da manhã, ou até mesmo o que pode acontecer se você fumar um charuto durante seu trabalho manual com cartas, etc. A narrativa de todo livro é muito pessoal, repleta de pensamento íntimos do personagem, inclusive desejos extremamente sexuais para com qualquer mulher. Henry Chinaski leva uma vida que cobra seus luxos. Grande parte da narrativa é dedicada aos acontecimentos da vida de um carteiro trabalhando para o governo federal. Trabalhando para o governo federal durante a guerra fria, vale ressaltar. Há uma passagem em que um funcionário do governo vai a sede dos correios para fazer uma propaganda anti-comunista, colocando os russos como os grandes vilões. A escrita do Bukowski é muito direta, seca, crua, simples e sem firulas. Muitos autores hoje em dia copiam seu estilo de escrita, usando os mesmos moldes de cenas ultrajantes e, digamos, provocativas. O livro é hilário, talvez um dos pontos mais fortes na minha percepção - cheguei a gargalhar enquanto lia o livro em pé esperando o café passar para ir para a faculdade, ou enquanto cozinhava alguma coisa. Bukowski é um grande beberrão letrado. Quando decide largar o trabalho nos correios, Chinaski começa a frequentar hipódromos e a apostar em corridas de cavalo. Mora junto com sua namorada, proveniente de família rica, em uma casa cercada por grama e mosquitos no interior do estado. Perde a esposa, perde o cachorro, perde os passarinhos, volta para a cidade, volta a trabalhar nos correios, mas o que não muda são as bebedeiras e situações vergonhosas no trabalho. Achei incrivelmente engraçado quando um dos seus colegas de trabalho decide que quer virar escritor, e pede para o próprio Chinaski ler uma primeira edição do que seria o original enviado para as editoras. Chinaski odeia alguns diálogos, e simplesmente não entende a ideia romântica de um encontro apaixonante que acontece no meio da história. Acho que esse comportamento do personagem com relação ao amor é um grande paradoxo para o modo que Chinaski, e acredito que o próprio Bukowski, vê a ideia de amor idealizado. Acho que Chinaski só tinha amor pelas cervejas e por cigarro mesmo - mulheres também, mas da forma mais carnal e sexual possível. Não vou enganar ninguém, Bukowski é hilário, mas em alguns episódios tem uma escrita bem machista e... escrota mesmo. 


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