While We're Young e sorvete de avocado.


   Se ao longo do filme você não entendeu qual é o cerne da trama, a última cena de While We're Young consegue comprimir tudo em alguns cortes de segundos de duração. Ultimamente eu estou consumindo um tipo de conteúdo, tanto na literatura quanto no cinema, que tenha relação com a minha vida, ou que pelo menos eu consiga ao final do livro/filme sentir algo novo, diferente, inspirador ou revelador. Por isso que adoro os livros do Karl Ove - pelo mesmo motivo estou adorando o trabalho da Greta Gerwig; penso de forma diferente e vejo a minha vida através de uma nova lente (toda arte faz isso, né?). 

   While We're Young tem a mesma direção dos dois últimos filmes mecionados aqui no blog (Frances Ha e Mistress America), Noah Baumbach. No elenco encontramos alguns nomes já conhecidos - alguns que não me agradam e outros que relacionei com trabalhos anteriores. A atuação do Ben Stiller como Josh foi a peça que não me agradou, não sei por que, mas acho que sempre existirá apenas um filme do Ben Stiller que eu gosto: The Secret Life Of Walter Mitty. Não que a atuação seja ruim, mas quando vejo qualquer filme dele sempre tenho a sensação de ser o mesmo personagem; acho que a atuação carece de personalidade. Naomi Watts também foi meio água com açúcar; passou e nem vi. O outro casal de atores me agradou até, um deles é o carinha que fez Frances Ha (ou mais conhecido por alguns como o novo vilãozão do Star Wars), Adam Driver. Amanda Seyfried que fez uma ótima hipster, não teve tanto espaço no filme, mas mandou bem (melhor que os protagonistas em minha opinião). 

fonte: http://while-were-young.com/

   Josh (Ben Stiller) está no longo (alguns dizem preguiçoso) processo de produzir um documentário por mais de dez anos; aparentemente movido pelo sucesso de um primeiro trabalho, ele passa por um esforço mental e físico para tentar produzir esse novo filme. O problema é que a produção torna-se uma desculpa, o tema é fraco, chato, entediante e sem uma voz para falar com o público. Junto com essa luta no trabalho, Josh e Cornelia (Naomi Watts) vivem rodeados por um sentimento de estranhamento por estarem cercados de casais de amigos com filhos, que constantemente perguntam se eles irão ou não ter um bebê. Ambos estão na casa dos quarenta e não sabem o que realmente querem; já tentaram ter filhos, e o que consegui entender com relances de menções que o filme faz é que problemas de infertilidade incapacitaram tentativas prévias. Mas, ao mesmo tempo, eles se perguntam se aproveitam a vida do jeito que deveriam, ou do jeito que costumavam aproveitar. 

   Esse fragmento do filme retrata muito bem a impotência que temos com relação ao tempo. Josh e Cornelia são como nós, abismados pela velocidade que a vida passa e com dúvidas com relação ao que fazer com esse tempo que temos em mãos, quando eles se deram conta já estavam com quarenta anos. Com isso tudo que o plot do filme, pelo menos um deles, aflora. Josh e Cornelia conhecem Jamie (Adam Driver) e Darby (Amanda Seyfried), um casal hipster, que produz sorvete de avocado, constrói os próprios móveis, tem coleção de vinil e andam de patins. Os dois, que antes não estavam sabendo o que fazer com o tempo, ficam deslumbrados com a vida do casal vinte anos mais jovem. Aí o filme aborda algo bem interessante também - principalmente com o papel do Jaime; a falsidade e o modo artificial que alguns escolhem viver para chegar a determinado lugar. Mesmo assim eu queria muito provar um sorvete de abacate. 

   O filme é legal, talvez o final foi meio "jogado" ao vento. Definitivamente não comece por esse filme do Noah Baumbach, comece for Frances Ha, porque esse filme é lindo pra cace...


   




   

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