O que eu achei da primeira temporada de DARK?

   
   Sempre tenho um grande receio em relação às séries originais da Netflix; na maioria das vezes não curto a produção industrial de séries e filmes que a empresa realiza. Mas, pela primeira vez, achei muito interessante e provocante a nova série alemã Dark; certamente um passo em uma direção diferente. Ocorreram muitos boatos falando que a série era simplesmente uma "Stranger Things" versão alemã, o que pode ser deduzido pelas inserções de elementos dos anos oitenta durante a trama, mas acho que a relação com ST acaba por aí. Seria muito ingênuo da minha parte não admitir que a produção de Dark embarcou no frenesi que Stranger Things produziu na cultura pop, afinal, toda produção visa dinheiro. Mas, a série possui originalidade, um roteiro quase singular e personagens cativantes. Se eu fosse comparar a trama com algum elemento da cultura pop, com toda certeza seria Donnie Darko. Logo nos primeiros minutos do primeiro episódio, no qual um diálogo está sendo lido, conseguimos entender mais ou menos sobre o que a série retrata, e foram nesses minutos que eu fiquei pensando: "Isso é MUITO Donnie Darko". E se você ainda não assistiu a Donnie Darko, não sei o que você está fazendo (aproveite as férias e assista). 

   Mas sobre o que fala a série então? Em suma posso dizer que a série se baseia em dois temas: universos paralelos e viagem no tempo. Esses dois temas não são nada originais na cultura do cinema, mas acredito que Dark conseguiu dar uma nova cara para tudo isso, um novo modo de abordar universos paralelos e como viagem no tempo influencia a vida presente, passada e futura. A série é muito inteligente na sutilidade dos detalhes da trama. Durante muitos momentos, conseguimos entender a complexidade de algumas coisas apenas escutando diálogos do fundo, como por exemplo, uma apresentação de teatro, ou uma aula de literatura do grupo da cidadezinha. A construção dos personagens, eu diria, é digna. Existem muitos papéis que nos são apresentados em apenas dez episódios, então acho normal alguns não serem tão bem explorados quanto outros, mas acredito que em todos os casos conseguimos entender a base da índole de cada um. O brilho de Dark está nas relações, e como tudo que está acontecendo na cidade de Winden é influenciado pelas viagens temporais. Não gostaria de falar muito sobre o enredo diretamente, porque acredito que a grande excentricidade da série está em descobrir tudo por si próprio.

   O que falar da opening? Achei linda demais; sempre ficava admirado quando começava um novo episódio e eu conseguia mais uma oportunidade de descobrir novos símbolos e sentidos. A fotografia também é muito interessante, bonita para falar a verdade. Cor, fotografia e trilha sonora realmente conseguem passar o clima dark da série. Acredito que a série peca sim em alguns detalhes, e com certeza o maior é querer gerar cada vez uma complexidade maior e maior. Donnie Darko também faz isso, mas na minha opinião, faz de um jeito fino e inteligente. Já Dark, em muitas ocasiões, acaba se perdendo em seu plot. 

   A Netflix já confirmou a segunda temporada, e com certeza vou acompanhar essa série alemã bacana novamente. 



   

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